quinta-feira, 25 de setembro de 2014

  • O QUE SABEMOS E O QUE AINDA NÃO SABEMOS SOBRE A INTELIGÊNCIA HUMANA
     
  • A certeza de que trabalhando as inteligências múltiplas em sala de aula se está desenvolvendo linha de ação coerente com os saberes antropológicos, sociológicos e neuroanatômicos sobre a inteligência humana  se apoia em algumas evidências indiscutíveis. Entre estas, cabe destacar. 
     
  • Como as inteligências constituem potencial biopsicológico de emprego imediato no dia a dia e recurso essencial para ajudar-nos a resolver problemas, adaptar-se as circunstâncias, criar e aprender, quem busca trabalhá-las em sala de aula necessita perceber que o conhecimento não é uma "coisa" que vem de fora ou se capta do meio, mas um processo interativo de construção e reconstrução interior e  assim não pode ser "transferido" de um indivíduo para outro . Levando-se em conta essa assertiva descobre-se que o conhecimento é auto-construído e  as inteligências são educáveis, isto é sensíveis a progressiva evolução, desde que adequadamente trabalhadas.  A escola pode ser, portanto, um espaço fomentador de novas maneiras de pensar.
     
  • Ainda que possam existir debates acadêmicos sobre a quantidade de inteligências que o ser humano  possui, a classificação mais aceita é a de Howard Gardner que descreve em cada pessoa a existência de  oito ou nove inteligências ( Howard Gardner fala-nos em oito inteligências efetivamente comprovadas e uma nona (inteligência existencial) que ainda depende de maior aprofundamento e revisão para se acrescentar as oito conhecidas)   claramente diferenciadas;
     
  •  O potencial humano quanto as inteligências é extremamente diversificado e essa diversidade deve-se a conjunção de fatores genéticos e estímulos ambientais desenvolvidos dentro e fora da escola. Uma pessoa sem distúrbios ou disfunções cerebrais é portador de todas as inteligências ainda que seja diversificado o potencial desta ou daquela;
     
  •  A ocorrência de disfunções cerebrais adquiridas ou não, pode afetar uma ou mais inteligências, sem que isso implique em um comprometimento integral. Em outras palavras, é possível neste ou naquele indivíduo a existência de um dificuldade ou distúrbio de aprendizagem que afete uma ou mais inteligências, sem que isso impeça o desenvolvimento potencial das demais.
     
  • Cada uma das inteligências pode ser identificada através de diferentes manifestações e estas, apenas para efeitos didáticos, poderiam ser consideradas sub-inteligências . Desta forma a inteligência lingüistica por exemplo pode se manifestar através da escrita, da oralidade ou da sensibilidade e emoções despertadas pela intensidade com que se capta mensagens verbais ou escritas;
     
  •   O valor maior ou menor que a sociedade empresta a esta ou àquela inteligência subordina-se à cultura inerente e ao tempo e local em que se vive . Em alguns espaços geográficos, por exemplo, a capacidade musical se sobrepõe à lingüistica e em outros atribui-se valor maior a capacidade matemática que a administração de situações emocionais próprias ou em terceiros;
     
    Ainda que qualquer faixa etária mostre-se sensível ao estímulo das inteligências, existem idades em que as mesmas respondem mais favoravelmente aos incentivos. Para a maior parte das inteligências a fase da vida mais sensível ao progresso estende-se dos dois aos quinze anos de idade . O cérebro humano é órgão que se compromete pelo desuso e portanto as diferentes inteligências necessitam de estímulos diversificados desde a vida pré-natal até idades bastante avançadas;
     
  • Ao se pesquisar a inteligência humana e a evolução desse conceito, desde quando a neurologia pode beneficiar-se de estudos do cérebro em pessoas vivas, alguns poucos críticos enfatizaram que falar-se em Inteligências Múltiplas seria simplesmente "fragmentar-se a idéia de Inteligência", criando-se um modismo. Nada mais errado que supor que a identificação de inteligências diferentes "fragmenta" ou apenas classifica aspectos particularizados de um todo. A localização cerebral de áreas específicas para operar saberes específicos - como a área de Broca e de Wernicke para a linguagem - mostra que não existe uma inteligência global que se busca dividir, mas núcleos cerebrais distintos que operam competências específicas, ainda que o cérebro humano funcione mais ou menos como uma orquestra e áreas diferentes se envolvem para a apresentação de um resultado aparentemente único. O fato de se ouvir, por exemplo,  o destaque do piano em uma melodia não significa que reconhecê-lo implica em "fragmentar" a orquestra.
     
  • Não existe uma única abordagem pedagógica para o trabalho com as inteligências múltiplas em sala de aula e, portanto, não existem "receitas" definitivas sobre como estimulá-las.
     
    Concluindo algumas das evidências destacadas por Gardner, seria lícito reafirmar que trabalhar com inteligências múltiplas não se afigura como um método de ensino cujo emprego supõe uma mudança radical na forma como antes se trabalhava. Ao contrário, estimular com atividades, jogos e estratégias as diferentes inteligências de nossos alunos é possível, não é complicado, não envolve custos ou despesas materiais significativas e pode ser desenvolvido para qualquer faixa etária e nível de escolaridade   e em qualquer disciplina do currículo escolar.
  •  
  • Fonte: http://revistaeducacao.uol.com.br/formacao-docente/0/artigo233099-1.asp 

Nenhum comentário:

Postar um comentário