- O QUE SABEMOS E O QUE AINDA NÃO SABEMOS SOBRE A INTELIGÊNCIA HUMANA
- A certeza de que trabalhando as inteligências múltiplas em sala de aula
se está desenvolvendo linha de ação coerente com os saberes
antropológicos, sociológicos e neuroanatômicos sobre a inteligência
humana se apoia em algumas evidências indiscutíveis. Entre estas, cabe
destacar.
-
Como as inteligências constituem potencial biopsicológico de emprego
imediato no dia a dia e recurso essencial para ajudar-nos a resolver
problemas, adaptar-se as circunstâncias, criar e aprender, quem busca
trabalhá-las em sala de aula necessita perceber que o conhecimento não é
uma "coisa" que vem de fora ou se capta do meio, mas
um processo interativo de construção e reconstrução interior e assim não pode ser "transferido" de um indivíduo para outro
. Levando-se em conta essa assertiva descobre-se que o conhecimento é auto-construído e as
inteligências são educáveis,
isto é sensíveis a progressiva evolução, desde que adequadamente trabalhadas.
A escola pode ser, portanto, um espaço fomentador de novas maneiras de pensar.
-
Ainda que possam existir debates acadêmicos sobre a
quantidade de inteligências
que o ser humano possui, a classificação mais aceita é a de Howard Gardner que descreve em cada pessoa a existência de
oito ou nove inteligências (
Howard Gardner fala-nos em oito inteligências efetivamente comprovadas e
uma nona (inteligência existencial) que ainda depende de maior
aprofundamento e revisão para se acrescentar as oito conhecidas)
.
claramente diferenciadas;
-
O potencial humano quanto as inteligências é extremamente diversificado e essa diversidade deve-se a
conjunção de fatores genéticos e estímulos ambientais
desenvolvidos dentro e fora da escola. Uma pessoa sem distúrbios ou disfunções cerebrais é portador de
todas as inteligências
ainda que seja diversificado o potencial desta ou daquela;
-
A ocorrência de disfunções cerebrais adquiridas ou não, pode afetar uma
ou mais inteligências, sem que isso implique em um comprometimento
integral. Em outras palavras, é possível neste ou naquele indivíduo a
existência de um dificuldade ou distúrbio de aprendizagem que afete uma
ou mais inteligências, sem que isso impeça o desenvolvimento potencial
das demais.
-
Cada uma das inteligências pode ser identificada através de
diferentes manifestações
e estas, apenas para efeitos didáticos, poderiam ser consideradas
sub-inteligências
. Desta forma a inteligência lingüistica por exemplo pode se manifestar
através da escrita, da oralidade ou da sensibilidade e emoções
despertadas pela intensidade com que se capta mensagens verbais ou
escritas;
-
O valor maior ou menor que a sociedade empresta a esta ou àquela
inteligência subordina-se à cultura inerente e ao tempo e local em que
se vive
. Em alguns espaços geográficos, por exemplo, a capacidade musical se
sobrepõe à lingüistica e em outros atribui-se valor maior a capacidade
matemática que a administração de situações emocionais próprias ou em
terceiros;
Ainda que qualquer faixa etária mostre-se sensível ao estímulo das inteligências, existem idades em que as mesmas respondem mais favoravelmente aos incentivos. Para a maior parte das inteligências a fase da vida mais sensível ao progresso estende-se dos dois aos quinze anos de idade . O cérebro humano é órgão que se compromete pelo desuso e portanto as diferentes inteligências necessitam de estímulos diversificados desde a vida pré-natal até idades bastante avançadas;
-
Ao se pesquisar a inteligência humana e a evolução desse conceito, desde
quando a neurologia pode beneficiar-se de estudos do cérebro em pessoas
vivas, alguns poucos críticos enfatizaram que falar-se em Inteligências
Múltiplas seria simplesmente "fragmentar-se a idéia de Inteligência",
criando-se um modismo. Nada mais errado que supor que a identificação de
inteligências diferentes "fragmenta" ou apenas classifica aspectos
particularizados de um todo. A localização cerebral de áreas específicas
para operar saberes específicos - como a área de Broca e de Wernicke
para a linguagem - mostra que não existe uma inteligência global que se
busca dividir,
mas núcleos cerebrais distintos que operam competências específicas,
ainda que o cérebro humano funcione mais ou menos como uma orquestra e
áreas diferentes se envolvem para a apresentação de um resultado
aparentemente único. O fato de se ouvir, por exemplo, o destaque do
piano em uma melodia não significa que reconhecê-lo implica em
"fragmentar" a orquestra.
-
Não existe uma única abordagem pedagógica para o trabalho com as inteligências múltiplas em sala de aula e, portanto,
não existem "receitas" definitivas
sobre como estimulá-las.
Concluindo algumas das evidências destacadas por Gardner, seria lícito reafirmar que trabalhar com inteligências múltiplas não se afigura como um método de ensino cujo emprego supõe uma mudança radical na forma como antes se trabalhava. Ao contrário, estimular com atividades, jogos e estratégias as diferentes inteligências de nossos alunos é possível, não é complicado, não envolve custos ou despesas materiais significativas e pode ser desenvolvido para qualquer faixa etária e nível de escolaridade e em qualquer disciplina do currículo escolar. - Fonte: http://revistaeducacao.uol.com.br/formacao-docente/0/artigo233099-1.asp
quinta-feira, 25 de setembro de 2014
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